A fazenda Paineiras se constituiu ao longo de sua história como um lugar de encontros. Um abrigo no qual muitos artistas puderam se reunir livre e ocasionalmente. Pode-se dizer que a arte encontrou amparo nos braços da natureza em seus domínios. Essa história que começou com sua primeira moradora - Adelaide Reis de Magalhães, escritora, autora de vários livros, cronista em jornais locais e amante da música - permanece viva nos dias de hoje por meio da figura de sua filha. Artista visual com sólida carreira, Adriana Rocha sempre desejou que a fazenda mantivesse acesa sua vocação para a irrestrita circulação de ideias. Ansiava, assim, que o local se tornasse um pólo de cultura, de estudos e de produções artísticas que viesse a somar com as iniciativas existentes no interior do estado de São Paulo. Mais precisamente na cidade de Bauru.
Acontece que pensar um pólo de fomento às artes em um espaço como a fazenda Paineiras não é pensar um espaço cultural sobre uma folha em branco. A fazenda entrega ao visitante uma conexão direta com a natureza. Oferece uma perspectiva singular, conectada com a simplicidade, com paisagens amplas, com o silêncio, com a vastidão e os ritmos naturais de modo a estimular um olhar mais sensível e contemplativo sobre o mundo. Assim, a ideia de um pólo cultural nesse espaço se baseia em uma visão de mundo no qual a natureza, como fundamento, é inerente, integrada e indissociável ao devir humano.
Possuindo acolhedoras hospedagens para artistas, seus estudos e produções, tornou-se natural a ideia de ativar o espaço como forma de contribuir para o desenvolvimento da cultura regional. Democratizando experiências para aqueles que não têm fácil acesso aos grandes centros culturais ao mesmo tempo em que fornece um contato direto com dinâmicas socioambientais por meio de suas paisagens e arquitetura. A fazenda Paineiras, assim, mantém viva sua vocação ao estabelecer uma oportunidade de intercâmbio entre artistas e pesquisadores atuantes na cena de arte contemporânea.